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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Lembrança manauara de Luz del FUEGO- naturista, naturalista, por Jorge Bandeira.

Compartilho a lembrança de um manauara sobre Luz del FUEGO- naturista, naturalista, escritora sobre naturalismo, amante do sol, que dançava nua com duas jibóias e foi uma feminista precursora , enfrentando grandes pressões pela liberdade da mulher-  por Jorge Bandeira e teço algumas considerações afins.Ele se dirige a ela, como se estivesse viva :"OI, DORA; OI LUZ DEL FUEGO", em ODE A LUZ DEL FUEGO

Neste ano, tive o prazer de ler previamente, para escrever um prefácio, sobre ela, no livro do prolífero escritor Thiago de Menezes, que preside a FALASP, A VERDADEIRA LUZ DEL FUEGO .

Em pequena, aos sete anos, ouvi muito falar de Luz del Fuego, porque um caro primo de meu pai, Rômulo Pessoa, passou com o irmão Daniel por Juiz de Fora , creio na década de cinquenta e nos falava dessa mulher incrível.Meu pai era cinéfilo e passavam horas matando as saudades familiares e conversando Ele fez o primeiro filme em preto branco dela  e assinou-o como ROMOLO PERSON, talvez porque as familias e a sociedade vigente, inclusive a Pessoa, nordestina e tradicional ,  numa tentativa de ser menos censurado, não sei...Esse cineasta era altíssimo (Daniel, seu mano assistente , de estatura normal, com incrível olhos azuis, ficava brincando comigo enquanto os adultos comentavam sobre a dançarina) e depois retornou para o Nordeste. Há uns poucos anos, soube que morrera sozinho em seu apartamento, na capital pernambucana , onde residia. No início da década de 80, hospedei um de seus irmãos, Aarão, que morava , no Espírito Santo e viera resolver assuntos de aposentadoria e médicos na capital mineira. Com Aarão, papai tinha mais contatos e alguns vezes hospedou-se com mamãe em Vila Velha, onde morava esse primo, de olhos esverdeados qual meu pai.

No You Tube, há um video com parte desse filme.

Thiago de Menezes apresenta nesse livo que a ALL Printe lançará nas Bienais do Livro, uma Dora Vivacqua, conforme diz o título , uma  "verdadeira LUZ del Fuego", tendo -se dedicado à pesquisa do  perfil ,com afinco, ele que também tem ascendência  no Espirito Santo. É fascinante acompanhar a historia e o pensamento de Luz del Fuego até seu assassinato, dessa forma convincente e veraz.

Perguntei a Flávia Vivacqua, artista, ativista Cultural, em S.Paulo , mentora do Coro Coletivo, ao qual pertenço,   se LUZ del Fuego  seria sua parente e ela disse que os Vivacqua são uma só familia e enalteceu o caráter precursor de sua parenta. Eles também moraram em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.

No dia 22 de fevereiro,  Jorge Bandeira,  descendente de indigenas  escreve a linda carta abaixo para LUZ DEL FUEGo, in memoriam.Publico-, para compartilhála com meus leitores, pois achei ótimo encontrar quem cuide da Memória brasielria, para que continue vpivida e "não se esgarce na convulsão do tempo", como diz o versos de egydiuo de Barros, poeta pernambucano , casado com minha tia Nair de Barros,irmã de minha mãe Terezinha.Todos já em outra dimensão.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes

Acadêmica cad. 05-Cecília Meirelles da Academia Feminina Mineira de Letras - da ALB/Mariana-cadeira Laís Corrêa de araújo, Membro do PEN Clube de Itapira(SP/BR) , da IWA (EU)e representante da REBRA-Rede Brasileira de Escritoras  em MG.


Então, leiam  essa missiva interessante, no estilo sugestivo e belo de seu autor-que a conheceu e canta :






Manaus, 22 de fevereiro de 2011
Oi Dora, Oi Luz Del Fuego, ontem, 21 de fevereiro você fez mais um aniversário, e por
isso escrevo esta pequena cartinha para lhe falar deste mundinho, que está cada vez mais
louco, e também de teu amado Naturismo, por quem você foi capaz de tudo, acho que até
mesmo de morrer por ele. Luz, minha querida amiga, saiba que a Maria Luzia, que nasceu na
tua bendita terra capixaba continua até hoje a preservar teu nome por lá, num grupo naturista
bastante atuante.
No teu Rio de Janeiro tem um carinha chamado Pedro Ribeiro que é incansável, ele é
magrinho mais tem a força de uma onça pintada quando o assunto diz respeito à preservar o
valor ético do naturismo. E são tantos e tantos que posso cometer uma injustiça ao esquecer
alguns destes nomes que sabem viver a plenitude naturista, com seus erros, limitações, mas
com uma vontade danada de trabalhar pelo bem comum, pelo bem do naturismo. No planalto
central tem o Elias, o Jaime, a Lili, um grande amigo cujo nome já está nu, o Tannús, esse é
naturista até no nome, tá nu a partir da certidão de nascimento.
Pelo Norte desse imenso país que não soube muito bem de teu valor como mulher,
artista e escritora, tem um tal de João Carlos acredita ainda neste naturismo feito de
irmandade, é um batalhador, como tu mesmo foi, uma guerreira índia capixaba, nua,
levantando-se sempre das infinitas quedas que a fizeram cair, mas não recuar. Teu horizonte,
Luz Del Fuego, sempre ultrapasso vastas colinas de sofrimentos e os mais arriscados
obstáculos. Dentre outros que trilham pela tua estrada iluminada temos um Flaviano,
verdadeiro arqueólogo da memória naturista. Voltando ao Rio de Janeiro é de bom tom citar
também o Paulo Pereira, que tu conheceste nos tempos gloriosos de tua vida exemplar,
homem de vasta cultura e dedicação integral ao bom e velho naturismo, este conceito de mais
de um século.
Temos muitos que te veneram, mas não como uma imagem inerte, perdida no tempo,
nas ruínas da Ilha do Sol, recentemente visitadas pela equipe do Pedro, com olhos vivos e nus,
esperando pelo porvir, para um possível museu, um centro cultural de memória permanente
dos rastros que deixastes para nós, os naturistas do século XXI. Fabri, Armando, Weslley,
Damasceno, Valdir e Fátima, Márcio Braga, Padre Roberto, o saudoso Sérgio Oliveira, Celso
Rossi, Carina e Marcelo, Eta, Glacy, Iran, são tantos os nomes que circundam este continente
chamado Brasil com a nudez de seus corpos, que adoram ficar nus, que a cada encontro
naturista relembram de teu legado, de tua solidez na busca deste verdadeiro ideal, dos longos
momentos de tua glória artística, e também dos desafios, hoje mais do que nunca somos
obrigados a esclarecer pela milésima vez sobre o poder benéfico do bom e salutar naturismo,
de sua força centenária, de sua história, de sua trajetória.
Eu mesmo já pensei em desistir algumas vezes desta tua luta, desta ideia que você
disseminou, mas meus sonhos não permitem, nos meus sonhos sempre estou nu, no meio de
outros corpos nus, que são estes amigos e amigas citados e os que nem citei aqui. São eles que
me fazem prosseguir esta jornada, em busca de minha utopia e felicidade, posso afirmar que
hoje sem minha nudez sou um homem vestindo nada, mesmo estando de roupa, que não me
representam em nenhum momento. Hoje, graças a ti, sou feito de nudez total, na entrega por
um ideal. Ou seja, minha nudez é minha principal vocação. Minha nudez é meu oxigênio!
Tantos nomes que até hoje me fazem clamar em voz alta, para nossas fileiras
combativas Zé Wagner, Julíndio, Paulo Campos, Nalva, minha grande amiga feita de uma
nudez indígena que me faz acreditar que estamos nos caminhos da segurança ao naturismo
familiar. Luz Del Fuego, minha amiga que já se foi mais que está sempre presente em minha
mente, garanta que as novas gerações, dos mais diversos estados brasileiros, continuem a
levar esta nobre filosofia naturista, pelo teu pioneirismo em várias frentes naturistas, que
minha filha Carolina seja uma naturista, que a netinha do Evandro também seja uma naturista,
para que essas crianças nos apontem onde erramos, que nos ensinem sempre do sentido
infalível da tolerância, do poder do silêncio nos momentos de maior desespero, e que acima
de tudo, Luz Del Fuego, que você seja nossa mensageira de um dia melhor para todos,
naturistas ou não, e que este mundo descarregue o odioso rancor que transforma os seres
humanos em lobos do próprio homem, tal qual o leviatã de Thomas Hobbes, Homo Homini
Lupus.
Um retorno para a Idade Média, sim, mais uma cidade medieval feito a Nudelot de
Florencia Brenner, nossa irmã portenha, ao mundo tenho a certeza ser o mesmo que almeja
meu amigo naturista norte-americano Bruce Willis (não, não é o ator!), este mundo, nobres
naturistas, creiam, já está em pleno curso, e estamos construindo com todo cuidado, pois o
naturismo precisa de uma fortaleza muito segura para se proteger de todos os que enxergam
muito pouco sobre as coisas boas e essências da vida, desta vida plena de nudez e de uma
tamanha vontade de ter um mundo melhor. Se esqueci de citar alguém, me perdoem, estou
tentando desaparecer com minhas roupas, o que é muito difícil nesta floresta amazônica do
século XXI."
*Jorge Bandeira, descendente de índios amazônicos.

FONTE:http://www.graunaam.com.br/artigos/Ode_a_Luz_Del_Fuego.pdf

Viste, veja as imagens:uma foto na capa da revista de Copacabana e uma pintura alusiva onde ela é protagonista.

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